Investimento de R$ 20 bi irá para criação da Cidade Inteligente

A gigante taiwanesa de tecnologia Foxconn, responsável pela montagem de equipamentos eletrônicos de marcas como Apple, Sony, HP e Dell, deverá investir US$ 12 bilhões (cerca de R$ 20 bilhões) no Brasil em até seis anos, criando 100 mil empregos diretos na fábrica, já batizada como Cidade Inteligente. O anúncio foi feito na noite desta terça-feira pela presidenta Dilma Rousseff em Pequim, durante o segundo dia da visita à China, que se estende até este sábado.

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Em Pequim, presidenta Dilma Rousseff recebe em audiência presidente da Foxxconn, Terry Gou

Este é o terceiro maior investimento de uma empresa estrangeira no Brasil. Em 14 de março, o presidente do conselho de administração do BG Group, Robert Wilson, anunciou que a companhia, uma das líderes mundiais na exploração de gás natural, pretende investir US$ 30 bilhões nos próximos dez anos no Brasil. Nove dias depois foi a vez da Telefónica anunciar que fará investimentos de R$ 24,3 bilhões no País nos próximos quatro anos.
O presidente da Foxconn, Terry Gou, esteve pessoalmente a Pequim, onde se encontrou com Dilma. Na noite de segunda-feira, havia jantado com o ministro de Ciências e Tecnologia, Aloizio Mercadante, quando garantiu que o Brasil montará tablets para a Apple até novembro deste ano. Os equipamentos sairão de uma das cinco unidades que a Foxconn já tem no Brasil.

"Ele disse que prometeu a Steve Jobs [o dono da Apple] que seriam produzidos iPads no Brasil até novembro", afirmou Mercadante.


Mas o plano da Cidade Inteligente é mais ambicioso, produzir displays de alta tecnologia, as telas que servem a equipamentos como tablets – de várias marcas –, telefones celulares e televisores, por exemplo. Hoje, apenas quatro unidades no mundo fabricam o produto, todas localizadas na Ásia, no Japão, na China e na Coreia do Sul. Segundo o secretário de Política de Informática do Ministério de Ciência e Tecnologia, Virgílio Almeida, o Brasil gasta hoje US$ 3 milhões por ano apenas para importar estes displays.
Gou quer implantar a fábrica no Brasil porque acredita no país como uma economia do futuro – assim como os demais integrantes do BRIC, China, Rússia e Índia, onde já tem investimentos. Segundo ele, o mercado interno é outro atrativo, além de ver oportunidades com a realização da Olimpíada e da Copa do Mundo. Mas não é só isso. O dono da gigante de tecnologia, que fundou a Hon Hai em Taiwan em 1974, da qual a Foxconn é subsidiária, ainda vê o Brasil como um pais estável, com sistema judiciário independente e com vantagens logísticas. O objetivo, explica o ministro brasileiro, é que a planta brasileira garanta exportações se não para as Américas, pelo menos para a América Latina.
Mercadante não falou onde a fábrica modelo deverá ser implantada. "Eles já estão no Brasil há uma década, não é um país novo para eles. Tenho certeza que já sabem onde querem implantar a Cidade Inteligente", afirmou Mercadante, que não adiantou se haverá programas de isenções fiscais. "O que será necessário são estradas, banda larga, energia. Há muito trabalho a ser feito antes de concretizarmos este negócio. Mercadante integra um grupo focado na questão junto a representantes dos ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e do BNDES.
Segundo o ministro, a fábrica deverá contar com sócios brasileiros. Além disso, haverá transferência de tecnologia e investimento em qualificação de profissionais. A expectativa é de que entre os 100 mil empregados, 20 mil sejam engenheiros e 15 mil técnicos. Os engenheiros seriam treinados na Ásia em períodos entre seis meses e um ano.
"Nunca ouvi falar de investimento parecido com este no Brasil", disse Mercadante, que há três meses negocia o projeto.
Para entender melhor o investimento, classificado por Mercadante como o maior investimento direto estrangeiro em qualquer setor no Brasil, é importante saber que a Foxconn faturou US$ 100 bilhões no ano passado, quando exportou US$ 86 bilhões a partir da China e importou US$ 82 bilhões para o país. "A Foxconn é responsável por 5,5% do comércio exterior chinês. Para se ter uma ideia de o que isso representa, o fluxo de exportação e importação é três vezes maior do que o registrado entre o Brasil e a China, o nosso maior parceiro comercial, cujos negócios ficaram em US$ 56 bilhões em 2010", diz o ministro.

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